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terça-feira, 3 de abril de 2012

imbróglia realidade


Hoje eu quero apenas mais uma dose de angústia 
E uma garrafa dessa melancolia que me corrói! 
Petiscos de saudade de acompanhamento nessa obscena vontade de sumir, 
Desaparecer do hoje vulgar que apresenta-se a mim, 
Dessa pseudo-realidade, pseudo-vida e
Pseudo-felicidade que carrego estampada no rosto,
Rosto que vejo nos espelhos que encontro pelas ruas,
Reflexos desse coração de vidro que carrego no peito
E dessa alma fantasiosa que existe em mim.
Alma tênue que finge acreditar nessa imbróglia realidade.

domingo, 1 de abril de 2012

Autopsicografia


O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.


 (Fernando Pessoa) - 27/11/1930